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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Chama



E quando te olho assim
Tão cheio de si
Tão repleto de arte e simplicidade
Como não te amar?
Como ignorar a arte de ser o meu bem-querer?
Minha noite fria, meu amor, meu artista, meu calor...

Nathalie Palácio

terça-feira, 5 de julho de 2011

Brilho



E o fascínio que me causa esse céu
Vezes azul, vezes laranja
Na imensidão imensurável
No amor incalculável colocado em cada raio de sol
De luar
A lua...
Irmã das estrelas.

Nathalie Palácio

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ninfa


Ser mulher é ser alma
Calma no meio da tempestade
Turbilhão que ela própria cria
Nada adia

Cada palavra é dita assim: num sim ou não
E quem ousará dizer que ela errada está?
Quando o que ela mais sabe ser é charme e erro.
Brilho no olhar.

Nathalie Palácio

sábado, 2 de julho de 2011

Pureza



Te vejo nas paredes
Nas entrelinhas do tempo
Frestas tão pequenas contidas em pensamentos.

Pensamentos tão puros
Quem sabe, singelos
Fortes o suficiente pra serem
Seus
Eternos...

Nathalie Palácio

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Uma Esperança chamada Fracasso


Todos querem vencer. Quem aprecia o fracasso? Sorte daqueles que nasceram e foram ensinados a serem vencedores... tristeza para aqueles que não aprenderam a amar-se e, por fim, vencerem.
Se não tivesse o nome que tenho, com certeza, me chamaria Esperança; não por ser demasiadamente esperançosa, mas, sim, por ter sido, desde muito cedo, rotulada como a esperança de uma família. Mais especificamente, a esperança intelectual dela.
Nunca fui um gênio. Longe disso. Entretanto, minhas habilidades destacaram-se desde muito cedo, o que hoje não sei se foi ruim ou bom. Não que pudessem me comparar com pessoas superdotadas, mas eu era, enfim, uma criança inteligente.
Quando digo que certas facilidades de aprendizado podem não terem sido benéficas, tenho motivos suficientemente convincentes pra assim crer. De forma alguma reclamo de tê-las, porém talvez eu fosse um pouco mais feliz sem elas.
Na verdade, não tenho certeza se tem a ver com inteligência... talvez, tenha a ver com pensar!
Pensar sempre foi um dos meus maiores e melhores verbos... fui e sou capaz de pensar sobre tudo em um só segundo e, também, argumentar sobre esse tudo de formas impensadas, com o perdão da palavra.
Aqui começa o sofrimento.
A transformação.
Pensar, apesar de ocupar um tempo imenso do meu dia, ocupa um espaço ainda maior dentro de mim. Todos os argumentos que um dia fizeram-me sentir superior a alguns, tornou-se inquietação e vontade de ser mais... normal. Não que não seja... sou mais normal do que imaginam, somente é inegável que um tanto de mim é alheio e, extremamente, perturbador.
E se um dia me senti superior, a vida me fez aprender: não o sou!
Existe um texto feito para pessoas que, constantemente, sentem-se como se estivessem “perdendo a festa”! Todos parecem tão bem, felizes, promissores... e nós... quem somos nós? Onde está toda aquela animação e oportunidades que o restante faz questão de promover aos quatro cantos?
Não vejo festa. Não vejo luzes, muito menos honrarias... mas a vontade em tê-las persiste.
Eu era esperança. E sei que pra muitos continuo sendo, porém, algumas vezes, sinto que fracassei. Tenho inveja. Perturbo-me ao ver que não cheguei aonde queria... e como tudo isso é disfarçado de definitivo enquanto tudo pode mudar em um segundo? Aquele mesmo segundo que eu uso pra pensar e divagar sobre tudo... tudo, nada... ainda é tudo pra mim.
Apesar de toda essa insatisfação que faz questão de aparecer, vez ou outra, de uma coisa eu sei: eu venci! Aliás, tenho vencido.
E aqui temos mais uma característica minha: a contraditoriedade.
Como posso ser fracasso e ao mesmo tempo vitória?
Nada me classificaria tão bem.
Eu fracassei nos primeiros planos que fizeram pra mim... os intrusos... ao passo que venci nos desafios que a vida colocou na minha frente.
Abri mão de muitas coisas em busca de partículas menos efêmeras. Sofro calada com sonhos perdidos e obrigo-me a formular outros, porque eu quero ser esperança. Não a esperança previamente formulada por estranhos ou qualquer outra pessoa que julgue me conhecer o bastante pra palpitar... quero ser a esperança dos meus sonhos. Os mais bem acalentados que alguém pode ter... sonhos arruinados e ressurgidos das cinzas como Fênix do abstrato.
Quero fazer as pazes com minha mente, pra assim, voltar a ser amiga sentimental de mim mesma.
Fazer dos meus “pseudo-fracassos”, matéria-prima pra realizações perfeitas.
A esperança mostra sua face novamente. E não mais se esconderá em maus pensamentos. Será regente da minha orquestra preferida. Será a tinta da caneta da minha história.

Nathalie Palácio

domingo, 27 de março de 2011

Inveja


Você é um invejoso?
Duvido que não seja!
Existem coisas na vida que tentamos, ao máximo, esconder.
Num primeiro encontro, queremos parecer que somos as pessoas mais perfeitas já criadas.
Na faculdade, queremos ser o aluno das notas altas e o elogiado dos professores.
Em casa, queremos ser o filho que a mãe elogia pra vizinha e o vizinho que a vizinha elogia pra outros vizinhos.
Queremos ser perfeitos.
Ou seja, queremos o impossível!
Para a inveja é a mesma coisa.
Desde sempre, o conceito de inveja foi subordinado a um sentimento restrito à pessoas sem caráter. A velha história de que pra ser bom, só devo demonstrar coisas boas, e todos os podres devem ficar escondidos em alguma gaveta do guarda-roupas, de preferência na última, debaixo de um monte de roupas de cama.
E isso não acontece só com a inveja. Isso se repete quanto ao ciúmes, ao medo, à raiva e todos aqueles sentimentos que nossos pais nos ensinam a nunca manifestar, porque senão mostrará que somos más pessoas. Aprendemos desde cedo a escondermos quem somos, ao invés de aprendermos que somos assim, que é normal sentir raiva de algo que nos desagrade, mas que é perfeitamente possível controlar essa raiva pra que ela não cause danos a si próprio e aos outros.
Sentir inveja é mais natural do que ir ao banheiro! É inato! Não queira fugir dela. Ela sempre te alcança!
Muitos confundem, também, inveja com “puxar o tapete do outro”.
A inveja não é, necessariamente, má. Ela pode ser um incentivo se acompanhada de outros sentimentos, como o de coragem, o de esperança e o de compaixão. Aliás, compaixão é um dos sentimentos mais poderosos que possuímos. Uma vez, ao ler um livro, a autora dizia que se o leitor tivesse algum grande desafeto, que o pusesse em cima de um palco e o imaginasse como criança, um bebê! Assim que a imagem se forma, por mais difícil que seja pra alguns, a compaixão surge de uma hora pra outra. Dessa forma, percebemos que todos temos fraquezas e, no fundo, todos somos crianças à espera de cuidados e que merecemos toda a compaixão do mundo. Esse exercício mental auxilia nos processos de perdão. E, uma coisa que eu gosto muito de ressaltar é que, perdoar não é esquecer, é, simplesmente, deixar ir! Por isso, se espelhando no processo de perdão, a inveja pode vir e não devemos nos sentir sujos por sua presença. Vamos salvar a história. Vamos aliar à inveja todos aqueles bons sentimentos que TODO MUNDO possui e faremos da inveja não uma mancha de vergonha, mas uma fonte de inspiração pra nossas próprias conquistas.
Pedro sonhava com um certo cargo de um empresa do ramo imobiliário. Se dedicava, cumpria com suas responsabilidades, fazia hora-extra, enfim, era um funcionário exemplar. Porém, num dia qualquer, ao chegar na empresa, recebe a notícia que Laura, uma recém-contratada foi promovida ao cargo que tanto almejava. Por mais que Laura seja uma boa colega de trabalho, é mais do que normal que Pedro inveje seu avanço e se sinta mal. Até porque, muitas vezes nos sentimos injustiçados. Aquela velha história de que o que se esforça, nada tem, e o que não faz tanto quanto aquele que se esforça, sim! São as tais injustiças da vida. Algumas injustiças são recorríveis, já outras são, no máximo, administráveis pelo injustiçado.
Tudo bem, todo mundo sente inveja. Mas quero que ela me cegue e me faça ser alguém amargurado ou prefiro usá-la ao meu favor?
Pedro poderia se revoltar, trabalhar com menos empenho, mas se ele for esperto, vai saber que um dia sua hora chegará, simplesmente, porque ele tem potencial pra isso, mesmo que seu objetivo não tenha sido alcançado nas circunstâncias que ele esperava.
Agora podemos reconhecer a inveja sadia. Aquele impulso que nos faz avançar, fugir da estagnação, mesmo que pra isso, a princípio, nos deparemos com uma sensação de impotência e inferioridade.
Deixar velhos padrões é uma arte. Nem todos conseguirão. Somente aqueles que escolherem progredir se livrarão das amarras dos ensinamentos errados recebidos um dia na infância ou em qualquer outro momento da vida.
Por isso que a prática leva à perfeição, mas não levemos “perfeição” tão ao pé da letra. A real perfeição é a consciência de que se é imperfeito e saber viver harmoniosamente com isso, mas quer saber? Isso fica pra outro dia.

Nathalie Palácio

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A infinidade da afinidade


Com certeza, já aconteceu de, em um dia qualquer, olharmos pra uma pessoa nunca vista antes e sentirmos sensações, tanto boas como ruins.
Pergunto-me se isso tem a ver com a aparência, com possíveis “energias” ou qualquer outro tipo de interferente. No final, acabamos por usar a palavra “afinidade” como ponto final e pronto.
Mas o que, de fato, faz alguém chamar nossa atenção e fazer com que nos sintamos atraídos ou repelidos por ela?
Não! É muito mais do que atração afetiva! É uma ligação pessoal, assexuada e ilógica, na maioria das vezes.
Muitas pessoas são conhecidas por terem uma intuição aguçada, outras, no entanto, são conhecidas como sendo inocentes o bastante pra não perceber o óbvio.
Levemos em consideração a intuição. Gosto sempre de definir algumas palavras pra depois pensar sobre elas.
Pelo dicionário encontramos várias definições, inclusive em áreas científicas, mas nos apeguemos ao significado do contexto que será abordado nessa dissertação:
a.fi.ni.da.de
  1. atração ou gosto natural por uma pessoa, coisa ou idéia
Ao ler essa definição a primeira palavra que me chamou, realmente, a atenção foi “natural”! Ou seja, a afinidade é inerente a nós! Faz parte da nossa natureza, seja ela qual for. Dessa forma, pra entendermos a afinidade, devemos conhecer o que somos, quem somos!
E a história começa aqui, mas não sozinha. Encontramos outro dilema: a ideia de que “os opostos se atraem”, ou, para muitos, “os iguais se atraem” e para os poetas “os dispostos se atraem”.
Na verdade, quando falamos de relações humanas não existe regra. Tudo surge, ressurge, acaba. Nenhuma regra deixa de morrer na cultura de um povo, mesmo que pra isso demore milênios. As revoluções acontecem, e agressivamente ou de forma pacífica, natural e imperceptível, tomam conta de uma nova geração.
E é muito interessante e, quem sabe, perturbador saber que nada permanece intacto. A inércia, muitas vezes, nos traz conforto; mudanças costumam ser tortuosas, mesmo que algumas vezes venham pro bem.
No final, o que é mais destrutivo? A igualdade de ideias ou as oposições destas? Pra muitos, ter alguém que seja seu oposto é uma forma de se equilibrar, já para outros, conviver com diferenças é estressante e um sério causador de problemas. Mais uma vez batemos de frente com a falta de padrões. Eles são muito úteis certas vezes. Por isso que muitos gostam de regras. É mais seguro. Religiões são os primeiros e maiores disseminadores do conforto causado pelo seguimento de regras. Porque, a partir do momento em que não seguimos as regras, nos tornamos os tais revolucionários capazes de fazer morrer padrões. E quem vai querer pessoas que destruam o que, aparentemente, mantem as coisas em controle? Nesse sentido, a afinidade perde todo seu sentido, quando somos obrigados a gostar do que nos ensinam a gostar, mesmo que não tenha nada a ver com nossa personalidade, com a nossa natureza.
Dessa forma, como não pensar que afinidade seja, simplesmente, o “deixar ir”? É tudo tão automático pra ter que ser regido por algo, muito menos, por nós.
Apesar de todas as faltas de respostas, de uma coisa eu sei: a intuição se utiliza da afinidade pra suprir algumas de nossas necessidades, sejam elas quais forem.
Se não fosse assim, pra quê vivermos em sociedade? Pra que o desejo de se estar perto de alguém e sentir nessa companhia os sentimentos mais gostosos e confortantes? Assim como somos naturalmente configurados a querer nos afastar do que pode nos fazer mal, com alguma atitude, ou, até mesmo, com a possibilidade de que certa má lembrança volte à tona.
Desde o mais forte dos homens precisa de proteção. Nem devemos querer exaltar nossa onipotência, pois não a temos. Pra alguns, proteção vem num colo de mãe, pra outros a proteção está num casamento, ou ainda, num emprego. Até mesmo objetos são protetores. Coletes à prova de balas protegem quanto à nossa integridade física, mas até livros podem ser exímios protetores e nos livrar de alguma realidade dolorosa demais pra ser vivida.
E tendo essas ideias em mente, me apego mais àqueles por quem minha afinidade brilha, retenho meus livros como meus melhores amigos e sigo em frente. Deixando meu próprio instinto me conduzir. Pode ser que ele falhe, mas é pra isso mesmo que estamos aqui: pra sermos humanos o bastante pra errar, voltarmos atrás e seguirmos o caminho certo, ou não. Afinal, são tantos os caminhos, são tantas as pessoas, é tudo tão infinito nessa coisa que alguém algum dia chamou de afinidade, que mais nada é do que a necessidade de se dar.

Nathalie Palácio