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segunda-feira, 20 de julho de 2009

Je t'aime


A dependência é inata.
É melhor decidir em não temê-la. Ela nos possui antes mesmo de estarmos em nosso novo habitat: o mundo.
Somos dependentes do ar, do alimento, de sangue e afeto.
Um bebê, assim como precisa do leite materno, precisa do cuidado, da proteção contra o frio, de pequenas necessidades que farão seu corpo e mente se desenvolverem normalmente. Esse ciclo de necessidades nunca nos deixa. Deixamos de ser bebê, e elas ainda estão lá, talvez algumas tenham se transformado, foram descartadas, mas outras são inerentes, são essenciais para a sobrevivência e viver, sobreviver é o principal motivo, aquela razão fundamental.
Deixando as necessidades fisiológicas de lado, não fugimos de uma outra que rege e influencia todos os campos da nossa vida: os relacionamentos.
Relação pai e filho, aluno e professor, entre amigos, relação amorosa. Essa última destrói e constrói; A construção provém do equilíbrio, a destruição do exagero.
Caracteristicamente, as relações amorosas são sinônimos de emoções fortes, com sensações corporais capazes de desnortear a mais centrada das pessoas, iludem e mudam as cores do mundo que enxergamos.
Existe o êxtase e o sofrimento e há quem diga que não se possa viver sem amor.
Milhares de citações são feitas, as histórias que mais vendem são as que falam do amor de um homem e de uma mulher, tendo em vista as exceções tão comuns hoje em dia. É visível que é um assunto, um momento, circunstância, sentimento que domina e dificilmente se deixa ser manipulado.
O amor que manipula. Ele nos aprisiona em pensamentos, desejos, aquelas vontades que nos deixam na inquietude de querer cada vez mais.
E quando se gosta, mais se quer gostar.
O amor é uma droga, ele faz bem, inebria, faz tudo ser mais bonito, mais gostoso de ser vivido. Porém, esse amor tão arrebatador também mata. Pode trazer desilusão, uma dependência desenfreada. Traumatiza. Machuca.
O amor pode ser doença e todos estão vulneráveis a ela.
Assim, pra se ter um amor saudável e fugir do amor patológico deve-se ter equilíbrio.
O problema é que quem vai querer ser equilibrado enquanto está vivendo tudo de forma tão intensa?
Por que abdicar desse tipo de emoção pela tranqüilidade que, antigamente, deixava a vida tão sem graça?
Carpe Diem. Um dos nomes do amor romântico.
Afinal, queremos o amor para o presente, ou queremos o amor para o hoje e para o futuro?
O amor é entrega e negação.
O equilíbrio deve estar no se doar e no se esperar.
Se me dôo totalmente para o hoje, me privo da doação de amanhã.
Se dôo uma boa, porém sensata parte de mim hoje, posso doar muito mais de mim amanhã e depois de amanhã.
A entrega não pode ser total. Deve ser verdadeira, com as melhores das intenções, mas sem o esquecimento de si próprio.
Não devemos ser vítimas do amor.
Devemos ser os agraciados dele.
A cada nova emoção que ele trouxer, que sintamos os benefícios de vivê-lo. Que ele se multiplique em nós, e que sobreviva naquele amor que criamos dentro de nós mesmos, no lugar mais escondido de nossas vidas, com seu jeito peculiar e pessoal, aquele amor só seu, que é reconhecido de longe por ter a sua cara, seu jeito e sua vontade de dá-lo a quem merecer.


Nathalie Palácio

2 comentários:

Georgia Hammine disse...

Olá Nathalie, sou Georgia e andei lendo teu blog. Apesar de estar ainda no começo gostei bastante. Li o post "Síndrome da solidão" e escrevi algo relacionado nesse blog:

http://www.limaoanalogico.blogspot.com/ e tem também o meu outro
http://www.georgiahammine.blogspot.com/

Abraços!!

BFC disse...

Gostei muito. Acho que estou dependente dos seus textos.......