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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Uma Esperança chamada Fracasso


Todos querem vencer. Quem aprecia o fracasso? Sorte daqueles que nasceram e foram ensinados a serem vencedores... tristeza para aqueles que não aprenderam a amar-se e, por fim, vencerem.
Se não tivesse o nome que tenho, com certeza, me chamaria Esperança; não por ser demasiadamente esperançosa, mas, sim, por ter sido, desde muito cedo, rotulada como a esperança de uma família. Mais especificamente, a esperança intelectual dela.
Nunca fui um gênio. Longe disso. Entretanto, minhas habilidades destacaram-se desde muito cedo, o que hoje não sei se foi ruim ou bom. Não que pudessem me comparar com pessoas superdotadas, mas eu era, enfim, uma criança inteligente.
Quando digo que certas facilidades de aprendizado podem não terem sido benéficas, tenho motivos suficientemente convincentes pra assim crer. De forma alguma reclamo de tê-las, porém talvez eu fosse um pouco mais feliz sem elas.
Na verdade, não tenho certeza se tem a ver com inteligência... talvez, tenha a ver com pensar!
Pensar sempre foi um dos meus maiores e melhores verbos... fui e sou capaz de pensar sobre tudo em um só segundo e, também, argumentar sobre esse tudo de formas impensadas, com o perdão da palavra.
Aqui começa o sofrimento.
A transformação.
Pensar, apesar de ocupar um tempo imenso do meu dia, ocupa um espaço ainda maior dentro de mim. Todos os argumentos que um dia fizeram-me sentir superior a alguns, tornou-se inquietação e vontade de ser mais... normal. Não que não seja... sou mais normal do que imaginam, somente é inegável que um tanto de mim é alheio e, extremamente, perturbador.
E se um dia me senti superior, a vida me fez aprender: não o sou!
Existe um texto feito para pessoas que, constantemente, sentem-se como se estivessem “perdendo a festa”! Todos parecem tão bem, felizes, promissores... e nós... quem somos nós? Onde está toda aquela animação e oportunidades que o restante faz questão de promover aos quatro cantos?
Não vejo festa. Não vejo luzes, muito menos honrarias... mas a vontade em tê-las persiste.
Eu era esperança. E sei que pra muitos continuo sendo, porém, algumas vezes, sinto que fracassei. Tenho inveja. Perturbo-me ao ver que não cheguei aonde queria... e como tudo isso é disfarçado de definitivo enquanto tudo pode mudar em um segundo? Aquele mesmo segundo que eu uso pra pensar e divagar sobre tudo... tudo, nada... ainda é tudo pra mim.
Apesar de toda essa insatisfação que faz questão de aparecer, vez ou outra, de uma coisa eu sei: eu venci! Aliás, tenho vencido.
E aqui temos mais uma característica minha: a contraditoriedade.
Como posso ser fracasso e ao mesmo tempo vitória?
Nada me classificaria tão bem.
Eu fracassei nos primeiros planos que fizeram pra mim... os intrusos... ao passo que venci nos desafios que a vida colocou na minha frente.
Abri mão de muitas coisas em busca de partículas menos efêmeras. Sofro calada com sonhos perdidos e obrigo-me a formular outros, porque eu quero ser esperança. Não a esperança previamente formulada por estranhos ou qualquer outra pessoa que julgue me conhecer o bastante pra palpitar... quero ser a esperança dos meus sonhos. Os mais bem acalentados que alguém pode ter... sonhos arruinados e ressurgidos das cinzas como Fênix do abstrato.
Quero fazer as pazes com minha mente, pra assim, voltar a ser amiga sentimental de mim mesma.
Fazer dos meus “pseudo-fracassos”, matéria-prima pra realizações perfeitas.
A esperança mostra sua face novamente. E não mais se esconderá em maus pensamentos. Será regente da minha orquestra preferida. Será a tinta da caneta da minha história.

Nathalie Palácio

10 comentários:

hachiko disse...

Quando li um livro de Augusto Cury, pude perceber o que os fracassos constroem em nossas almas, quem nunca fracassou está despreparado para a vida. Tirar forças para se reerguer é sabedoria pura ....

Nathalie Palácio disse...

E é dessa sabedoria que eu quero viver! ;D

Vlad do Orkut disse...

Augusto Cury descreve essa força de superar as adversidades, é como se vc estivesse em um grande palco e vc deve ser o o ator principal de sua própria vida .... e ele descreveu a pessoa sendo aplaudida, quando conquista vitórias e ela gosta de estar no placo, mas, quando ela fracassa, a tendência é sentar na arquibancada e ficar assistindo a vida passar, porque nestas horas permanecer no palco será para ser vaiado por ter errado na vida, e nesta hora as pessoas preferem sair do palco e deixam de ser o ator principal do palco de sua própria vida, e fica apenas adimirando a vida dos outros na platéia ... então é preciso assumir o papel de ator principal no palco de nossa vida, pricnipalmente na hora da vaia, porque é nestas horas que aprendemos a não errar mais daquela forma ....

Nathalie Palácio disse...

Vlad, e permanecer nesse palco é o que faz toda a diferença! Tenha certeza! ;)

hachiko disse...

Realmente, sair do palco, significa a depressão, a falta de vontade de viver, a entrega e o desânimo ....
A platéia que vaia e aplaude é nosso ego .... (só quer aplausos) rsrs

Lilian disse...

Pensar, apesar de ocupar um tempo imenso do meu dia, ocupa um espaço ainda maior dentro de mim. Todos os argumentos que um dia fizeram-me sentir superior a alguns, tornou-se inquietação e vontade de ser mais... normal. Não que não seja... sou mais normal do que imaginam, somente é inegável que um tanto de mim é alheio e, extremamente, perturbador.

Engraçado como consigo me ver nesse ponto do seu texto.
Parabéns pela reflexão e obrigada por compartilhar conosco.
Beijos!

Nathalie Palácio disse...

Independente se é bom ou ruim, é um consolo saber que muito do que se é, acaba sendo compatível com outras pessoas... é como se nossas ideias não fossem, enfim, em vão!
Muito obrigada mesmo! :)

Juliano Pereira disse...

Nath

Maravilhoso texto, para variar, você escreve muito bem, deveria escrever mais, nos identificamos com o que você escreve, e nos edificamos também. Que dom maravilhoso!!
Quanto ao conteúdo, a frustração nos edifica, nos traz paciência, e fortalece nossos músculos para saltos e escaladas para pontos ainda mais altos. E a esperança é uma de nossas maiores virtudes, junto a fé e a caridade. Que bom que você é a esperança, vá e te abrace na fé e na caridade, assim chegarão vcs três juntas de braços dados. A paz!

Nathalie Palácio disse...

Ju, muito obrigada pelas palavras... com elas me sinto muito mais esperança e desejo que você a seja sempre mais!

Um beijo, querido!

Fernando disse...

te amo, minha escritora preferida ^^